domingo, 28 de abril de 2013

Mobilização PRESENÇA acontece nas Classes Hospitalares de Salvador - BA

  *Irami Santos Lopes
Era cedo quando chegamos para a reunião com o grupo gestor da RedSOLARE Brasil e convidados, do Polo Bahia, no mês de março/2013. O local da nossa reunião, a Casa da Infância. Um lugar que nos provoca encanto e motivação para as oportunidades e possibilidades que podemos criar para as crianças pequenas em cada contexto escolar que os membros da RedSOLARE atuam. Muitas expectativas emergiam sobre as demandas e encaminhamentos, desta que para mim seria uma reunião especial.
No encontro, foi compartilhado o Projeto da Mobilização PRESENÇA: um fio que nos une com a infância e a frase “costurar vidas” foi marcante em nossa reunião. A partir dela, o “despertamento” para realizar um trabalho compartilhado com o propósito deste grupo e com os alunos/pacientes da Classe Hospitalar com os quais eu trabalho me moveu a novas propostas para promoção da vida, num ambiente peculiar de busca pela saúde – o ambiente hospitalar em enfermaria nas pediatrias de clínica médica. É neste ambiente que a classe hospitalar se institui como espaço escolar, e assim lanço um convite ao grupo para me apoiar no engajamento deste movimento, mas respeitando as especificidades que o ambiente hospitalar impõe.
Convite aceito pelo grupo! Costurar vidas tendo como representação bonecos de pano e seus materiais específicos para esta construção – agulhas, linhas, tecidos, enchimentos etc, foi o primeiro desafio, pois no hospital a classe hospitalar não pode usar materiais que possa comprometer o aluno/paciente a infecções hospitalares. Muitas sugestões surgiram no grupo e enfim saímos da reunião com alguns encaminhamentos para a realização do trabalho na classe hospitalar.
A Classe Hospitalar atenta ao contexto hospitalar através da escuta sensível vê-se comprometida em abordar pautas a favor da cidadania e da vida, e consciente da importância do papel da educação colabora na formação de cidadãos. “Costurar vidas” através da produção de bonecos de pano proposto pela RedSOLARE Brasil, Polo Bahia. Implementamos realizar na classe hospitalar tais construções, a partir de dois elementos que também fundamentam a prática pedagógica neste ambiente: a escuta pedagógica e a ludicidade, através do Projeto Leituras, Escritas e Motivações onde este projeto visa ações que  resgatem a memória feliz, promovendo o uso do imaginário, o gosto pela leitura, a autoria, a articulação dos diferentes campos de conhecimentos, tendo como aporte o tema A VIDA.








Este trabalho para “Costurar vidas” na classe hospitalar surgiu da ação ERA “MUITAS VEZES” UMA VEZ do Projeto: Leituras, Escritas e Motivações, onde este relato se baseia na experiência com duas alunas/pacientes no espaço do leito/cama, de uma pediatria de clinica médica em um hospital público conveniado com a Classe Hospitalar da Secretaria Municipal de Educação de Salvador. O elemento motivador foi o título da obra de literatura infantil “A princesa Arabela mimada que nem ela”, escolhida pelas alunas/pacientes M6anos e L13anos internadas na pediatria durante duas semanas, onde realizaram através do recurso avental da leitura, recontos, reescritas e a construção de vidas representados pela produção das bonecas.
O resultado desta vivência promoveu nas alunas/pacientes diferentes sentimentos que foram observados e verbalizados por ambas e suas famílias/acompanhantes, pois neste estado de internamento hospitalar, sentem-se retirados do seu cotidiano, pelas limitações do tratamento que por vezes são prolongados e doloridos. A construção das bonecas articuladas ao uso imaginário promovido pela história, possibilitaram o resgate da auto-estima, a saída do entristecimento, a possibilidade do retorno a vida como um processo de resiliência através do lúdico e o reconto da história, tendo como desdobramentos o empreendimento das bonecas “Arabela e Mirela teimosas que nem elas”.
Destacamos desta vivencia desafios e aprendizagens. Os desafios permearam nas interrupções das atividades por conta dos medicamentos, dos diferentes exames, do mau estar provocados pelo tratamento médico, pela fisioterapia etc. Das aprendizagens  marcamos o estímulo da construção de uma visão positiva e amorosa da vida, propiciando pensamentos a favor de si e do outro para sua formação social no acolhimento diante das dificuldades e da dor. Por tal contexto, consideramos que essa experiência entre a Classe Hospitalar e as proposições da RedSOLARE Bahia enriquece e valoriza o humano para solidariedade, a cooperação, o exercício da cidadania, além de promover o desenvolvimento integral do sujeito nos âmbitos cognitivo, afetivo e social.                                                                                                        
                                                                                                                                                      *Professora da Classe Hospitalar – SMED/Salvador
Relato da Experiência vivenciada em abril/2013 e apresentada no Encontro Mensal  / Polo Bahia, no CMEI Cid Passos